#PODCAST: Guilherme Wentz

Títulos de peso pra um convidado de peso. A lista de Guilherme inclui: America’s Rising Talent, Maison & Objet, IF design awards, Casa Vogue… e mesmo com todo esse barulho, as novidades mais recentes vem com um nome que todo mundo amou! Silêncio. Pra esse designer gaúcho que antes de virar criativo se aventurou pela administração, o mobiliário contemporâneo pra levar o gentílico de brasileiro na identidade, precisa expressar informalidade e evocar simplicidade. É nesse caminho que nascem todos os convites pra uma vida mais sossegada que ele escreve em cada peça.

 

 

Que lugar admiradores de design precisam conhecer? 

Eu não queria ser clichê de falar Milão durante a semana de design, mas é muito bom. Por ser um entusiasta, eu fico muito animado. É uma chuva de design, de coisas acontecendo, tudo concentrado em uma pequena cidade durante uma semana.

 

Qual a produção de design de outro brasileiro você admira? 

A Chaise Rio, de Oscar Niemeyer. Eu acho genial. Os materiais, as formas. O convite pra relaxar casualmente. É perfeita.

 

Um livro que você gostou muito de ler e recomenda? 

Walden, de Thoreau, um dos livros que mudaram toda minha vida. É sobre uma pessoa, escritor, que de fato se mudou para o meio do mato e tentou viver sozinho longe da sociedade. Plantar as coisas dele. Viver as coisas dele.

 

Um lugar preferido no Brasil? 

Se chama Gravata. É, inclusive, o tema de uma coleção. Fica na cidade de Laguna, no sul de Santa Catarina. Por nostalgia, por ficar lá com os amigos acampado em poder surfar em uma praia deserta, pra mim acabou virando meu lugar preferido.

 

Um perfil de Instagram que você adora? 

Olho sempre o @Equator. Acho as fotos lindas.

 

Uma mania para começar a trabalhar de manhã? 

Acordo, faço um café aí sento no computador. Daí começo a trabalhar.

 

 

Guilherme Wentz, natural de Caxias do Sul, deu uma guinada considerável em sua vida. Próximo de concluir a faculdade de administração, decidiu sair do curso e pedir demissão do emprego. A escolha pelo design foi aleatória, seu interesse era algo que envolvesse criatividade, onde seria possível expressar seu estilo de vida simples. O preconceito com mobiliário no início do curso logo foi vencido, dando lugar a uma visão mais complexa.

Um de seus primeiros projetos na faculdade foi finalista em premiação, uma escrivaninha para escritório, mas não entrou no processo final por falta de execução. As poucas empresas que atuavam na cidade de Wentz não atendiam a demanda de máquinas e de filosofia sobre mobiliário. Em uma visita a São Paulo, o designer conheceu a Decameron, sua primeira parceira em produção e que colocou, enfim, a ideia da escrivaninha no mundo real. Essa possibilidade abriu diversas portas para ele, que logo foi convidado a morar em São Paulo. A vida na capital paulista oportunizou a criação de seu próprio estúdio e ampliou a atuação e lista de parceiros.

Embora viva em uma cidade que é a síntese de uma metrópole no século 21, Guilherme exprime em seu trabalho o casual, o pé no chão. Como um refúgio da vida urbana, suas peças remetem o natural, que quebra o cinza dos prédios e casas. “Eu gosto, sendo morador da grande cidade, de ver a casa em si, não só o mobiliário mas todo o entorno, como um refúgio da vida urbana, de toda a parte que me incomoda da vida urbana. Que é ser muito acelerado ou ser muito impessoal. Essa falta de natureza presente. Então eu tento provocar isso através do mobiliário, trazer essa sensação de paz, calma, tranquilidade”.

Sua peça preferida, que depois se tornou uma linha, vem dessa ideia. O Sofá Baixo foi a primeira criação em que conseguiu pôr em prática o que acredita. Por se tratar de um móvel com pouca altura, a formalidade ao sentar é quase inexistente, um verdadeiro convite a se jogar para relaxar e curtir. Composto por uma trama de tricô, a tecnologia usada no revestimento permite desenhar a forma e escolher os fios que irão compor a peça, no formato exato do sofá, removendo costuras completamente.

Guilherme comenta que cada peça do design autoral é carregado de histórias e que seu valor não deve ser visto apenas do ponto monetário, mas também do representativo que ela carrega. Há pessoas por trás de cada etapa e a dedicação de um trabalho, não apenas do designer e sua criatividade, mas de maquinários e operadores, de artesãos. Tudo isso faz parte do processo e o mercado ainda está em processo de entendimento que o que se produz não é apenas um objeto. Assim como o público está aprendendo a entender e admirar o design brasileiro