Natural de Paris, na França, Michel Arnoult se mudou para o Brasil para tentar carreira como designer de móveis, onde estudou arquitetura e fez estágio com Oscar Niemeyer. Apesar de não ter contado com muita sorte no início, seus designs de linhas simples conquistaram o público. Um dos precursores do conceito de RTA (ready to assemble), que em português significa “pronto para montar”, Michel Arnoult defendia com ardor que os designs deveriam ser democratizados e acessíveis a todas as classes, acima de qualquer vaidade criativa.
Arnoult se tornou famoso pelo conceito de “conforto duro”, devido à sua preferência em fabricar móveis de madeira combinados com design prático. Tendo vários de seus projetos recusados pela indústria e depois de muitas respostas negativas, Michel Arnoult conseguiu convencer um marceneiro de Curitiba a confeccionar alguns de seus projetos com a intenção de voltar à Europa com o dinheiro recebido na venda de suas peças, mas o sucesso mudou seu rumo.
A ideia de Arnoult de criar peças com desenhos simples e que atingissem todas as classes sociais o lançou ao reconhecimento. Em 1954, com a ajuda de dois amigos, Michel fundou a Mobília Contemporânea em São Paulo. Aproveitando conceitos criados no início da industrialização e que se mantêm até hoje como índice de eficiência na produção em série como a modulação, e a redução no número de peças, a Mobília Contemporânea ajudou a indústria moveleira do Brasil a quebrar conceitos ultrapassados de projeto e produção.
Arnoult produzia móveis para serem duráveis e rejeitava a ideia do consumismo desenfreado apregoada em países já desenvolvidos e que representava em alguma medida o quanto determinada sociedade havia avançado economicamente. No Brasil, apesar do momento exigir a industrialização de uma vez por todas, seria incoerente criar um estado mental de obsolescência rápida dos objetos. O pensamento do designer também ajudaria os produtores que poderiam manter seu maquinário por mais tempo.
Em projeto solo, passou a criar móveis a partir de eucalipto replantado, com o intuito de criar uma marca sustentável. Em 2003, Michel recebeu o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira em São Paulo com a poltrona Pelicano.