#PODCAST: Roberta Banqueri

Roberta acredita que a criação artística é o caminho pra auto-realização. Isso permite que o real vire imaterial… No seu processo de trabalho, ela gosta mesmo é de deixar fluir, ela se deixa ser orgânica, pra que o sentimento do agora, a história do hoje, fique escrita naquilo que ela criou. A nova coleção, Tupiniquim, reuniu muitos admiradores do Brasil inteiro pra conhecer uma serie de provocações. Cada peça tem um convite a um olhar no espelho, onde a gente se encontra como povo brasileiro.

 

Um lugar, no mundo todo, que todo admirador de design precisa conhecer? 

Eu acho que, antes de tudo, o designer precisa ter repertório. Sentir um pouco de tudo e enxergar um pouco de tudo.

 

Um clássico de outro brasileiro que você admira? 

Eu gosto muito da Triângulo, de Zalszupin. Até falo que minha rede, a Tupi, tem um pouco de Triângulo.

 

Um livro que você sugere que as outras pessoas leiam também? 

Mais esperto que o Diabo. É no sentido das perguntas que nós fazemos e das provocações externas com as quais nós lidamos.

 

Qual é o teu lugar preferido no Brasil? 

Um lugar muito emocional é Gonçalves, no sul de Minas Gerais. Ali eu vejo vaca no pasto, um céu estrelado…

 

Uma mania para começar a trabalhar de manhã? 

Eu sou dessas pessoas que, se tiver que acordar cedo, tem que botar o despertador uma hora antes. Eu preciso ir me entendendo. Ficar ali pensando, principalmente orando, mentalizando.

 

 

Roberta Banqueri reuniu muitos admiradores em seu mais recente trabalho, a coleção Tupiniquim. Sempre presente em seus rabalhos, a racionalidade e a narrativa ganham forma em um processo de trabalho solto, fluído, que se permite ser orgânico pelas mãos da arquiteta. Carregando e contando a história da peça. Com experiência adquirida de um curso de Design de Interiores na adolescência, ela entrou para arquitetura e viu na área a chance de mudança de vida. A questão humana que está ligada à área, a sociologia, o comportamento e o urbano chamaram a atenção.

Dessa atenção com o social, Roberta passou a pensar não apenas na forma, mas na função, alinhado ambos em seu trabalho. Na indústria, nem sempre a solução e a forma andam juntas, e é nesse ponto  que a designer atua, demonstrando que um não deve suprimir o outro, mas funcionar em conjunto.  No início de sua trajetória na produção de peças, foi indagada por um professor sobre as razões de se criar uma cadeira, mais uma entre tantas que existem no mundo. Com esse questionamento em mente, a designer começou a trazer a verdade para seus desenhos de uma forma que transforma os objetos em contadores de história.“Eu gosto das coisas reais. Eu, Roberta, na questão de ser humano, de uns anos para cá, venho batendo muito na questão de ser real”, pontua.

As coisas comuns que lhe cercavam inspiraram ideias, como a Linha Vó, Ritmo e Pele. A linha Tupiniquim também vem dessa forma de pensar, criada para refletir sobre o senso de comunidade e reconhecimento dos povos originários do Brasil. As peças carregam nas cores a representação da vasta cultura nacional.

Ela acredita que o design brasileiro precisa se comunicar melhor, não apenas no ponto de vista comercial, mas dialogar com quem consome, com quem aprecia. Trocar mais do que o valor comercial que uma peça ganha ao ter um design assinado, mas trocar experiência, vivência e conhecimento. Fazer as pessoas entenderem a cadeia de ideias, trabalho e dedicação em torno de um produto que carrega a história de quem desenha, de quem fabrica e vende.