#PODCAST: Lucas Takaoka

Foi quando acompanhou o pai em uma visita de obra que Lucas decidiu se tornar arquiteto. As lajes de concreto pareciam a versão real, em escala muito maior, das brincadeiras de lego onde ele já ensaiava espaços incomuns. Depois disso, rabiscando protótipos de ideias que completassem os próprios ambientes, ele se aventurou pelo design e não parou mais, com peças que misturam usabilidade e afetividade.

 

Qual lugar no mundo todo admirador de design precisa conhecer?

Algum galpão que você encontre muitos mobiliários vintage sem estarem restaurados. Você vai ver partes de poltrona, partes de cadeira, luminárias antigas muito mais artesanais.

 

Um clássico de outro design brasileiro? 

Eu amo Percival Lafer. Realmente é um designer que eu acho único. Ele tem o traço do detalhe que acaba enobrecendo a peça e você, olhando pra ela, sente o conforto sem precisar tocar. A MP97 é uma peça que parece se despejar em cima de uma estrutura de arco de madeira, como se fosse uma nuvem.

 

Um livro e por quê? 

Móvel Moderno Brasileiro. Do mesmo jeito que você tem um livro de receitas, nele você consegue encontrar muita referência de combinação de material, desenho, estofamento do que a gente tem hoje de mais precioso.

 

Qual é o teu destino preferido para viajar no Brasil? 

Com certeza Fernando de Noronha. É um lugar que eu nunca imaginei ser uma terra brasileira, de tão isolado e magicamente posicionado no meio do oceano.

 

Qual o perfil do Instagram que você ativou notificação para não perder nunca? 

Se chama @Type7, ele posta fotos do dia a dia, quase como uma revista digital, só que mistura muitos assuntos que eu me interesso. Tem fotografia de arquitetura, fotografia de ambientes legais pra viajar. Sempre com uma curadoria muito forte.

 

Você tem alguma mania pra começar a trabalhar de manhã? 

Uma das coisas que eu mais gosto chegar antes de todo mundo no escritório, pelo menos meia hora, “ligar” o escritório, passar um café e sentar sozinho. E aí as pessoas vão chegando. Pra mim esse é um ritual.

 

Dono de um traço que mistura usabilidade e afetividade, Lucas Takaoka é arquiteto de formação. Começou no design por acaso, para atender demandas de clientes em projetos arquitetônicos. Tendo as redes sociais como uma forma de divulgar seus desenhos, começou a ganhar admiradores e incentivadores para seguir seus projetos de design. Era o empurrão que faltava para tirar do papel as boas ideias.

O design de Lucas apresenta um estilo técnico, minucioso, e para ele isso se deve ao interesse em saber como as coisas funcionam. A experiência no ramo da arquitetura o fez entender que o design é complemento, não há, com exceção das obras de arte, uma cadeira sem uma mesa, tudo é um conjunto que se comunica na mesma língua.

A novidade que mais traz orgulho é um conjunto de chá que vem uma caixa de madeira, inspirada na folha de uma vitória-régia. Na parte interna, divisórias permitem a organização de xícaras feitas à mão. Quem tem acesso às peças saliente sua beleza. “Independente do valor pago, você acaba admirando a mão que talhou aquilo. A mão que selecionou a madeira, que esculpiu a cerâmica, que colocou lá no forno para trazer para a realidade aquilo”, declara.

A presença de um mobilário de alto padrão carrega também a assinatura de um artista e uma cultura para dentro do ambiente. Lucas acredita que é fundamental que as pessoas entendam isso, como uma forma de valorizar o trabalho do outro. Mas, acima disso, é preciso entender o público que consome. Ele acredita que as peças simples, comuns, tem na sua serventia um valor superior, diferente de uma objeto mais elaborado, que se destaca a partir de seu conceito. Ambas as formas são válidas e devem ser valorizadas.